Senti-me manipulada, fraca... Mas me senti forte a ponto de perceber isso. Os números a minha volta não eram claros, mas era no obscuro dos sonhos que eu seria feliz. Agora eu era uma louca a tentar descobrir fórmulas secretas e desvendar os seis números que me tirariam daqui.
Seis números de tanto que via a todo o instante, seis números de todos os números de átomos que pulsam a todos os instantes. Seis números.
As pessoas que estavam em sonhos ou pesadelos se fizeram de tijolos em frente a mim, todo o poder que imagino ter é pequeno perto do poder que eu devo ter. Uma coisa leva a outra e percebo que está tudo interligado: O mendigo, a mulher, os que adotaram a desgraça, o telefonema... Todos eles inesperados, mas aconteceram! O telefonema veio para confundir, com uma voz conhecida que eu havia previsto, antes disso:
A porta abrindo, o notebook sobre a cama, a luz da cabeceira acesa, as cortinas fechadas e a porta trancada; depois disso, deito na cama, pego meu notebook, vejo a porta aberta, a cortina aberta e a luz do teto acesa; percebo que há algo estranho, começo a descer as escadas, sento no sofá com minha mãe e conto o que acabei de ver; chamo meus pais para dormir comigo, mas acabo pegando no sono no sofá encolhida; acordo na minha cama aonde percebi que tudo aquilo era apenas um sonho, mas tinha gente comigo ainda (era um sonho novamente); agora acordo e percebo que não tem ninguém comigo, mas meu notebook fechado ao lado, e continuava dormindo; agora acordo para o que eu julgo ser real, sem notebook, sem luzes apagando e acendendo, agora aqui eu me achava segura, mas coisas estranhas continuam acontecendo.
Eu não preciso de inferno para ser castigada, pois a consciência é o bastante para me fazer padecer à procura de respostas. Eu acho que já tomei minha redpill a realidade está ficando tão confusa a ponto de eu poder prever quem vou ver no dia. Vejo agora um mundo inteiro pequeno e vejo que não há nada que eu não possa atingir.
Se Giovanna menina sonhasse com isso, iria dormir com os pais. Mas, o que é dormir mesmo?