segunda-feira, 23 de maio de 2011

Fenômenos

Eu nunca vou decidir parar de viver. A vida tem tanta coisa e tantas ervilhas a serem colocadas no bolso direito, tantos sorrisos lacrimosos a serem distribuídos...
Não escrevo mais sobre amor, mas pela dor causada pela felicidade. Não escrevo mais sobre mim, mas pelas pessoas que sabem como amar. Não escrevo mais sobre a dor, mas sobre a felicidade encontrada no amor. Não escrevo mais sobre mim...
E eu que pensei que usaria da licença poética, ainda não sou uma poeta subjetiva.

sábado, 27 de novembro de 2010

Confesso que tenho medo de não conseguir mais escrever, confesso que tenho medo de ter medo disso... As linhas são escritas e apagadas e quase tudo o que eu escrevo se torna porcarias adolescentes em meus olhos. Mas o que importa? O único dom que eu considerava está indo embora e eu estou aqui sentada escrevendo, esperando a minha circulação ativar-se, esperando algo de muito bom acontecer. Mas existe algo bom?
Essa noite eu tive um dos melhores sonhos que eu já tive e é como se agora eu estivesse esperando algo bom para ser tirado de mim. A vida é uma balança e tudo sempre pende pro lado ruim, ou não... De qualquer jeito, acho que esse é meu castigo: escrever sobre o que me é tirado no mesmo dia em que muito me é dado. Agora eu só perco o meu tempo escrevendo sobre o que eu não tenho mais, sobre o que eu não consigo mais fazer, não sobre o que eu consigo fazer, sentir, sonhar...
A vontade de dormir é maior do que qualquer grosseria que eu tenha feito, mas e agora? Será que eu vou ter o mesmo sonho? Será que aquela escada vai me levar ao mesmo lugar? Com o mesmo oi ignorado? Com os mesmos olhos me olhando?
O que seria da vida sem a incerteza? Mas e agora? Sobre o que eu vou sonhar? Talvez eu não queira acordar, não se o sonho for aquele.
Definitivamente, eu não vou ler tudo isso novamente, porque me dói muito ver as palavras sendo escritas sem sentido, me dói muito lembrar do Johnny Depp dizendo "lixo literário". E o pior de tudo, é que isso que eu estou escrevendo esqueceu o literário e é só o lixo, o lixo de uma pessoa com os olhos morrendo de sono, uma pessoa que tem a vida constantemente mudada por encontros de cinco segundos ou por sonhar com pessoas que nunca viu.
Mas aqueles olhos... Espero algum dia lembrar do rosto inteiro. Se eu pudesse eu viveria lá, se eu pudesse eu me trancaria em meu subconsciênte só pra viver todos os 10 segundos interrompidos pelo despertador. Se eu pudesse, eu provaria do que é ser traída pela própria consciência. Talvez hoje seja o primeiro dia de tantos anos de mudança e isso me faz sorrir tanto... Uma oportunidade e no final de tudo isso, todos os monólogos e cartas de amor sobre a tal pílula vermelha, eu descubro que o melhor pra mim seria a azul.
Eu não tenho anjos orbitanto a minha casa, eu não tenho ouro em meu cofre, eu não sei mais escrever...
Não importa mais, mas talvez eu desistiria de tudo o que eu não tenho pra ver aqueles olhos na vida.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

PRA VOCÊ NÃO GUARDEI O AMOR.

Nossas vidas seguem paralelamente, mas você ainda não sabe... É como se você tivesse vivido minha vida inteira, observado todos os meus gestos e eu não percebi, você não percebeu... Desenhei seu nome, seu rosto, seu sorriso em todos os lugares de minha mente, tatuei seus olhos nos meus, mas eles nunca se encontraram. 
O que sobra agora são músicas que exprimem a minha anestesia, músicas que mostram que eu nem sei mais o que faço aqui. As palavras nem são mais tão bonitas quando chegam ao papel, elas não têm serventia já que você não vai ler, elas ficam entorpecidas com a sua ausência. A minha vida virou apenas um tutorial de como sentir saudades do que não se tem, mas qual a importância? Nossas vidas seguem paralelamente e enquanto você não pensa, eu não apago as tatuagens que você fez em minha mente...

Os lençóis manchados com pecado, o chão manchado com sujeira, os meus olhos manchados com sangue... De hemofóbica à hematomaníaca, de oftalmofóbica à voyeur... Todos se transformam no que tem medo, ou pelo menos eu. Talvez eu seja só mais uma erotografomaníaca querendo se perder em cartas de amor que nunca serão lidas, talvez eu nem seja mais eu.
Tudo o que eu abominei, tudo o que eu fui contra eu me vejo sendo. Voltei à infância, voltei às borboletas, voltei ao amor que dói e machuca sem que eu sinta, pois a anestesia que ele causa é maior que qualquer coisa. Minhas noites insônes, minhas conversas, as músicas que se transformam e autobiografia, tudo isso não pode passar. Me sentir humana não deve ser pecado e o Deus em que eu não acredito não vai me castigar por isso. 
Sinto informar-lhe, mas sou humana, eu respiro, eu engano, eu sou até maquiavélica, eu não gosto muito de ver gente, eu gosto de enviar sorrisos para quem eu não conheço, eu gosto de fantasiar, eu gosto... de... você. 

Pena que você não vai ler isso, e se ler, vai pensar que não é endereçado à você. E não é mesmo, é pra ele, que se lesse se tornaria você, é pra ele que se recusa a me enxergar. Talvez com um binóculos, talvez com uma lupa, não sei... Não sei nem se eu estou escrevendo certo ou errado, porque no momento não sei o que é o certo e o errado, meus dedos apenas se movem escrevendo sobre um amor que é bonito, mas que não é retribuído, escrevendo sobre um amor que parece nunca acabar. 
Escrevo sobre um amor que eu nunca guardei para dar, nunca existiu aqui, mas nunca senti igual... Nem sei mais se amor isso é, nem sei se sou capaz de amar, mas às vezes o amor pela ilusão é maior que qualquer coisa. 
Nossas vidas seguem paralelamente e mesmo você não me vendo eu te enxergo em todos os lugares para quais eu direciono meus olhos, as casas, as ruas, os sorrisos... Imagino você imaginando e imagino também que você não imagina.
De qualquer forma, no final desse texto meu amor não é tão grande mas continua sendo alguma coisa. Amor que não morre, amor que espera, amor que espera para poder amar...  Dentre tantas coisas que eu gosto, lá está você em um pedestal, suas fotos no meu armário, seu sorriso em meus olhos. Dentre tantas coisas que eu gosto, você é a que mais admiro, porque o desconhecido é tão belo e você é tão desconhecido... Eu nem ao menos sei alguma coisa...
O amor pode estragar meus textos, mas o que o estraga ainda mais é o amor quando é vivido por mim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O amor...

O amor contamina o corpo, a alma, as palavras, o ser, o cabelo, os olhos, o sorriso, as ideias, o cérebro, a esquina, o perfume, a razão...
Pra quem ama, amar é poesia, é respirar, é sentir as gotas de chuva no sorriso, é não ter, é querer ter o que não se tem e ser feliz com as gotas de felicidade que caem milagrosamente do céu... Pra quem ama alguém que não conhece, cada casa vira um rosto, cada rosto recebe um sorriso antecipado, cada antecipação recebe olhares que se contaminam com a decepção. Pra quem ama, tudo é perfeito, os erros de português, os filmes desconhecidos, os livros não lidos, o quarto desarrumado, o cabelo despenteado, o amor que não é retribuído, a rosa que não é dada, o texto que não foi escrito, a sístole e a diástole abafadas, o reflexo no espelho estraçalhado, a carta de amor rasgada, até o olhar ignorado...
Pra quem ama, para o vento diz boa noite, espera que o outro escute, mas no fundo a esperança briga com a realidade que sabe que não é amada. Pra quem ama, amar justifica-se por si só, não precisa de explicação científica, nem esforços mirabolantes, precisa-se apenas duas pessoas que não se conhecem existam, para que uma se apaixone perdidamente pela outra, sem o conhecimento da segunda para que não acabe a graça. 
Pra quem ama, amar é um pequeno prazer, mesmo que seja platônico, impossível e ridículo... Mesmo que amar sem conhecer seja coisa de criança, mesmo que duas criaturas tenham se olhado sem se ver, mesmo que seus olhares nunca se cruzaram...
Pra quem ama, amar é uma mancha de sangue que colore a parede, a embeleza sem doer, machuca sem embelezar...
Pra quem ama, amar nunca é uma pergunta...
Mesmo que bom, amar é masoquismo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O tempo não passa, ele pula!

Às vezes sinto como se eu fosse mais velha do que realmente sou; não um ou dois anos, mas uma vida inteira. É como se tudo que eu tivesse vivido até aqui tivesse sido esticado e até os sons que penetram o meu cérebro parecem diferentes. O veludo parece até cortar e o cerol é que me acaricia. Se um dia eu pudesse escolher o meu rumo, não sei se mudaria alguma coisa. Porém as lágrimas que não caem nunca, seriam boas se caíssem por alguém e eu até seria boa se pudesse chorar por alguém diferente.
A uva passo nos lábios, volto décadas como se isso fosse o futuro. A luz do abajur, a inocência da televisão... Talvez eu só queira assistir mais uma vez a fita do Rei Leão no meu videocassete. Tudo o que era bom acabou, assim como pensarei dos dias de hoje e amanhã.
Se eu morrer amanhã, ou daqui a um segundo gostaria de dizer que minhas metáforas metafóricas não querem dizer nada. Mas, se eu morrer daqui a um segundo, saibam que essa não é minha carta de suicídio, pois não ficaria feliz em morrer sem ter sofrido por ninguém. Não me consola saber que posso perder tudo o que tenho, mas fico feliz por saber que ainda tenho pelo menos alguns segundos com as pessoas que eu realmente amo.
E ainda então, se eu não tiver esses poucos segundos, na minha alma estão tatuados os nomes de todos aqueles à quem eu dedico algum sentimento... Mas desculpe-me não quis dizer amor, porque amor acaba, amor trai, amor vive e viver é uma forma de estar disponível ao mercado do pecado. O que eu sinto é intransferível, incongelável, lindíssimo.
Creio eu que esse não seja meu último superlativo. Ou melhor, "queira Deus" como todos dizem.
Mas, se alguém me perguntar alguma coisa... Eu realmente não quero que esse seja meu último superlativo.

sábado, 8 de maio de 2010

RED PILL

Hoje me chamaram louca enquanto a chuva, ela caia lá fora... Em uma semana, fui do luxo ao lixo e do lixo a ao luxo. Sonhos lembrados, novos sonhos surgindo e posso dizer que a cabeça que explode possui os melhores pensamentos. A cabeça que explode sempre é mais estimada, porque nem as cinzas são distinguidas. O que vai sempre é mais valioso, mas não nesse caso.
Cansei das coisas que me aceleravam o coração, cansei de escutar vozes da lã, cansei de ser dominada pelo 2º cérebro. Na verdade, nunca fui completamente irracional, sempre tinha alguma parte vagalumiando.
Sinto que esse é o fim e o começo do efeito da redpill, minha escrita está limitada e meu cérebro cheio de números... Quanto vale a paz? Vale menos que minha curiosidade, vale menos que a dominação de teorias intermináveis... Vale menos que o amor pelo desamor.
Pela primeira vez, as palavras não fluem... Pela primeira vez eu quero mergulhar em um poço onde não existe nada disso aqui.
O efeito da redpill corre pelas minhas veias, por todos os meus neurônios até. Sinto a dor em forma de lágrima que não cai, do sorriso que não abre, das unhas sem pintar, dos olhos que não se fecham, dos braços que não querem deixar. Sinto dor em forma do oi com dentes falsos, da falsa não-percepção, da chuva que já evaporou pra cair hoje e que já evaporou novamente.
Perdi todas as minhas conjunções, minhas palavras difíceis e meu poder de encantar escrevendo. Agora o que vejo é um rosto vazio, um sorriso separado, uns olhos encantadores. Porque mesmo estando sei esse poder de descrever coisas naturais em poesia, eu não perdi o poder de admirar o espelho porque ele reflete a minha imagem...
Talvez essa seja a primeira das últimas lamentações, ou até mesmo a última delas. Cansei da vida de lamentações e de letras desenhadas... Cansei da vida de homo sapiens sapiens sapiens sapiens, sapies.
Meu voo 815 não caiu... E é, talvez eu seja louca.

P.S.: Texto sem correção

segunda-feira, 12 de abril de 2010

NÚ-MEROS


Senti-me manipulada, fraca... Mas me senti forte a ponto de perceber isso. Os números a minha volta não eram claros, mas era no obscuro dos sonhos que eu seria feliz. Agora eu era uma louca a tentar descobrir fórmulas secretas e desvendar os seis números que me tirariam daqui. 
Seis números de tanto que via a todo o instante, seis números de todos os números de átomos que pulsam a todos os instantes. Seis números. 

As pessoas que estavam em sonhos ou pesadelos se fizeram de tijolos em frente a mim, todo o poder que imagino ter é pequeno perto do poder que eu devo ter. Uma coisa leva a outra e percebo que está tudo interligado: O mendigo, a mulher, os que adotaram a desgraça, o telefonema... Todos eles inesperados, mas aconteceram! O telefonema veio para confundir, com uma voz conhecida que eu havia previsto, antes disso:

A porta abrindo, o notebook sobre a cama, a luz da cabeceira acesa, as cortinas fechadas e a porta trancada; depois disso, deito na cama, pego meu notebook, vejo a porta aberta, a cortina aberta e a luz do teto acesa; percebo que há algo estranho, começo a descer as escadas, sento no sofá com minha mãe e conto o que acabei de ver; chamo meus pais para dormir comigo, mas acabo pegando no sono no sofá encolhida; acordo na minha cama aonde percebi que tudo aquilo era apenas um sonho, mas tinha gente comigo ainda (era um sonho novamente); agora acordo e percebo que não tem ninguém comigo, mas meu notebook fechado ao lado, e continuava dormindo; agora acordo para o que eu julgo ser real, sem notebook, sem luzes apagando e acendendo, agora aqui eu me achava segura, mas coisas estranhas continuam acontecendo. 

Eu não preciso de inferno para ser castigada, pois a consciência é o bastante para me fazer padecer à procura de respostas. Eu acho que já tomei minha redpill a realidade está ficando tão confusa a ponto de eu poder prever quem vou ver no dia. Vejo agora um mundo inteiro pequeno e vejo que não há nada que eu não possa atingir. 
Se Giovanna menina sonhasse com isso, iria dormir com os pais. Mas, o que é dormir mesmo?