quarta-feira, 28 de julho de 2010

PRA VOCÊ NÃO GUARDEI O AMOR.

Nossas vidas seguem paralelamente, mas você ainda não sabe... É como se você tivesse vivido minha vida inteira, observado todos os meus gestos e eu não percebi, você não percebeu... Desenhei seu nome, seu rosto, seu sorriso em todos os lugares de minha mente, tatuei seus olhos nos meus, mas eles nunca se encontraram. 
O que sobra agora são músicas que exprimem a minha anestesia, músicas que mostram que eu nem sei mais o que faço aqui. As palavras nem são mais tão bonitas quando chegam ao papel, elas não têm serventia já que você não vai ler, elas ficam entorpecidas com a sua ausência. A minha vida virou apenas um tutorial de como sentir saudades do que não se tem, mas qual a importância? Nossas vidas seguem paralelamente e enquanto você não pensa, eu não apago as tatuagens que você fez em minha mente...

Os lençóis manchados com pecado, o chão manchado com sujeira, os meus olhos manchados com sangue... De hemofóbica à hematomaníaca, de oftalmofóbica à voyeur... Todos se transformam no que tem medo, ou pelo menos eu. Talvez eu seja só mais uma erotografomaníaca querendo se perder em cartas de amor que nunca serão lidas, talvez eu nem seja mais eu.
Tudo o que eu abominei, tudo o que eu fui contra eu me vejo sendo. Voltei à infância, voltei às borboletas, voltei ao amor que dói e machuca sem que eu sinta, pois a anestesia que ele causa é maior que qualquer coisa. Minhas noites insônes, minhas conversas, as músicas que se transformam e autobiografia, tudo isso não pode passar. Me sentir humana não deve ser pecado e o Deus em que eu não acredito não vai me castigar por isso. 
Sinto informar-lhe, mas sou humana, eu respiro, eu engano, eu sou até maquiavélica, eu não gosto muito de ver gente, eu gosto de enviar sorrisos para quem eu não conheço, eu gosto de fantasiar, eu gosto... de... você. 

Pena que você não vai ler isso, e se ler, vai pensar que não é endereçado à você. E não é mesmo, é pra ele, que se lesse se tornaria você, é pra ele que se recusa a me enxergar. Talvez com um binóculos, talvez com uma lupa, não sei... Não sei nem se eu estou escrevendo certo ou errado, porque no momento não sei o que é o certo e o errado, meus dedos apenas se movem escrevendo sobre um amor que é bonito, mas que não é retribuído, escrevendo sobre um amor que parece nunca acabar. 
Escrevo sobre um amor que eu nunca guardei para dar, nunca existiu aqui, mas nunca senti igual... Nem sei mais se amor isso é, nem sei se sou capaz de amar, mas às vezes o amor pela ilusão é maior que qualquer coisa. 
Nossas vidas seguem paralelamente e mesmo você não me vendo eu te enxergo em todos os lugares para quais eu direciono meus olhos, as casas, as ruas, os sorrisos... Imagino você imaginando e imagino também que você não imagina.
De qualquer forma, no final desse texto meu amor não é tão grande mas continua sendo alguma coisa. Amor que não morre, amor que espera, amor que espera para poder amar...  Dentre tantas coisas que eu gosto, lá está você em um pedestal, suas fotos no meu armário, seu sorriso em meus olhos. Dentre tantas coisas que eu gosto, você é a que mais admiro, porque o desconhecido é tão belo e você é tão desconhecido... Eu nem ao menos sei alguma coisa...
O amor pode estragar meus textos, mas o que o estraga ainda mais é o amor quando é vivido por mim.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O amor...

O amor contamina o corpo, a alma, as palavras, o ser, o cabelo, os olhos, o sorriso, as ideias, o cérebro, a esquina, o perfume, a razão...
Pra quem ama, amar é poesia, é respirar, é sentir as gotas de chuva no sorriso, é não ter, é querer ter o que não se tem e ser feliz com as gotas de felicidade que caem milagrosamente do céu... Pra quem ama alguém que não conhece, cada casa vira um rosto, cada rosto recebe um sorriso antecipado, cada antecipação recebe olhares que se contaminam com a decepção. Pra quem ama, tudo é perfeito, os erros de português, os filmes desconhecidos, os livros não lidos, o quarto desarrumado, o cabelo despenteado, o amor que não é retribuído, a rosa que não é dada, o texto que não foi escrito, a sístole e a diástole abafadas, o reflexo no espelho estraçalhado, a carta de amor rasgada, até o olhar ignorado...
Pra quem ama, para o vento diz boa noite, espera que o outro escute, mas no fundo a esperança briga com a realidade que sabe que não é amada. Pra quem ama, amar justifica-se por si só, não precisa de explicação científica, nem esforços mirabolantes, precisa-se apenas duas pessoas que não se conhecem existam, para que uma se apaixone perdidamente pela outra, sem o conhecimento da segunda para que não acabe a graça. 
Pra quem ama, amar é um pequeno prazer, mesmo que seja platônico, impossível e ridículo... Mesmo que amar sem conhecer seja coisa de criança, mesmo que duas criaturas tenham se olhado sem se ver, mesmo que seus olhares nunca se cruzaram...
Pra quem ama, amar é uma mancha de sangue que colore a parede, a embeleza sem doer, machuca sem embelezar...
Pra quem ama, amar nunca é uma pergunta...
Mesmo que bom, amar é masoquismo.