O amor contamina o corpo, a alma, as palavras, o ser, o cabelo, os olhos, o sorriso, as ideias, o cérebro, a esquina, o perfume, a razão...
Pra quem ama, amar é poesia, é respirar, é sentir as gotas de chuva no sorriso, é não ter, é querer ter o que não se tem e ser feliz com as gotas de felicidade que caem milagrosamente do céu... Pra quem ama alguém que não conhece, cada casa vira um rosto, cada rosto recebe um sorriso antecipado, cada antecipação recebe olhares que se contaminam com a decepção. Pra quem ama, tudo é perfeito, os erros de português, os filmes desconhecidos, os livros não lidos, o quarto desarrumado, o cabelo despenteado, o amor que não é retribuído, a rosa que não é dada, o texto que não foi escrito, a sístole e a diástole abafadas, o reflexo no espelho estraçalhado, a carta de amor rasgada, até o olhar ignorado...
Pra quem ama, para o vento diz boa noite, espera que o outro escute, mas no fundo a esperança briga com a realidade que sabe que não é amada. Pra quem ama, amar justifica-se por si só, não precisa de explicação científica, nem esforços mirabolantes, precisa-se apenas duas pessoas que não se conhecem existam, para que uma se apaixone perdidamente pela outra, sem o conhecimento da segunda para que não acabe a graça.
Pra quem ama, amar é um pequeno prazer, mesmo que seja platônico, impossível e ridículo... Mesmo que amar sem conhecer seja coisa de criança, mesmo que duas criaturas tenham se olhado sem se ver, mesmo que seus olhares nunca se cruzaram...
Pra quem ama, amar é uma mancha de sangue que colore a parede, a embeleza sem doer, machuca sem embelezar...
Pra quem ama, amar nunca é uma pergunta...
Mesmo que bom, amar é masoquismo.
pra min?
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