terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cruz

Os meus pensamentos estão embaralhados, mal consigo escrever; a euforia e ansiedade acelera o meu coração a ponto de explodir em forma de alegria e pintar o meu mundo.

Taquicardia! Acho que as frases do verso do papel de bom-bom fazem sentido agora. Mesmo que a criança tenha roubado o meu doce incerto, mesmo que eu esteja confusa... Estou eufórica. Estou cheia de esperança em alguma coisa que eu ainda não sei.

Para isso ainda não inventaram um nome, um nome que explique tudo isso. O meu relacionamento com pessoas melhorou, principalmente se essas têm o mesmo sangue que por minhas veias correm.

Mesmo assim em meu mundo colorido estão aparecendo manchas negras que tentam impedir minha felicidade temporária.

A sensação de nostalgia as vezes me visita, as vezes me abandona em meu antigo mundo. As lembranças claras e escuras se misturando e me diluindo em poços de lamentações como se eu fosse algum pó insignificante.

Eu me pergunto o porquê; pergunto o plural deles também. Pergunto quem sou, se sou a ou b, se sou c,d,e,f,g,h,i,j ou k. Pergunto se sou eu quem vive nesse mundo e se sou eu quem vive nesse mundo e se sou eu quem escreve e observa a tinta da caneta que vem a tona na folha de papel, que, inocente se transforma no que eu quero ser e com quem eu quero estar.

Eu me pergunto quanto tempo mais eu ficarei sem destinatário para meus textos, me pergunto por que eu, por que você, por que platônico.

Em uma vida de "por ques" qualquer chance de resposta é venerada, qualquer esperança perdida é esperança. Esperança em que? Mudar? Talvez eu não queira ou talvez eu não queira admitir.

Deve ser difícil para alguém como eu tentar ser alguém! Não ligo para a ideia alheia, então por que eu me preocupo tanto? Eu gosto do que vejo e não do que sinto. No espelho vejo alguém sorrindo e pessoalmente sinto as rachaduras tomarem vida própria e aos poucos me derrubarem com uma rasteira de emoções que não me permitem respirar.

Eu poderia morrer por você, e esse você sou eu. Novamente.

Não vejo graça fora do meu corpo e mente além da graça que vejo no incerto. Incerto esse que faz meu coração bater inquieto, por medo ou apenas por... CONFORTO? Será que sinto tudo isso apenas por comodidade? Fuga? O que? Sou tão fútil assim? Eu sempre gostei e admirei o mais difícil e agora descubro que a ilusão de dificuldade era falsa. Tão falsa quanto o que eu passo, tão falsa quanto eu seria se fosse verdadeira.

A única coisa que eu não quero é me desenganar e no leito de minha morte abandonar o espelho que é tão sagrado por mim.

Tão amargo quanto açúcar, tão doce quanto sal. A tempestade que chega é da cor dos olhos que eu queria olhar e da cor do céu colorido com minha alegria que acaba de chegar poluindo a vida alheia.

Pessimismo com otimismo e realismo, é assim que eu sou ou deveria ser. Não posso afirmar o que não tenho certeza, não posso ser feliz invejando a imagem que o espelho reflete.

Transformo as pessoas em monstros, me transformo em cordeiro, pois sou... Pois não sou, pois não sei! Não tenho ideia de um futuro melhor e estou prestes a revelar um segredo que pesa em meus ombros.

Eu brindo um cálice de lágrimas à minha cruz sagrada que grita a procura de um lugar menos egoísta; que grita para ser mostrada. Me fazendo latejar, me fazendo sussurrar e gemer de desconforto. Me fazendo ser eu por instantes, me fazendo questionar o "EU", o "VOCÊ" e o "TUDO".

Sinto muito mas estou atrasada para o que vem e adiantada para o que vai. Sinto muito por ter nascido deste lado do espelho.

Se nem o espelho tem explicações para refletir a imagem, por que eu teria?

Só não tenho respostas para minhas perguntas e nem perguntas para minhas respostas feitas de mentiras que tento acreditar.

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