Eu estava lendo meus textos e enquanto lia só vinha um nome e um desenho de rosto em minha mente. Essa não vai ser a primeira vez em que desisto, mas, talvez eu nem saiba do que estou desistindo.
Senti-me mal pensando que eu desisti faz tempo, me senti mal descobrindo que alimentei um fruto morto todo esse tempo.
O meu erro é como agora e sempre me preservar do inevitável, querer o possível mas me privar ao máximo, até que a dor corroa todos os sentimentos que eu tinha possibilidade e esperança de sentir.
Desistência? Desistência do que? Desistência dos sentimentos bons e do coração acelerado; das lembranças coloridas futuras... Desisti até mesmo de ter esperanças!
Desisti mentalmente; desisti de ser; desisti de querer saber e de me interessar por algo.
Acontece assim sempre, por que não agora? A sensação de algo insubstituível sumiu.
Eu sempre sinto em silêncio. Eu cobro a intensidade que não mostro. Eu não sei o que eu queria ser ou mostrar, talvez eu não tenha dado vazão a um cadáver. Talvez esse seja o jeito de o "amor" que em mim habita se manifestar em forma de dor e de impossibilidade.
Não há nada mais bonito que a desistência e a privação. Mesmo com essa explosão de sentimentos e de compaixão, não deixo de me adorar enquanto me olho no espelho.
Todos têm a chance de mostrar seus sentimentos. Mas, quais são minhas armas? Minha arma é essa; mostrar o que não tenho ou tenho aqui. Fazer você sentir exatamente o que eu quero que você sinta. Porque eu tenho esse poder, eu sinto que eu posso fazer nascer água em sua boca e fazer essa mesma água virar ácido que te corrói, mas te alimenta. Eu poderia até tentar, mas agora sinto isso fraco e impotente pela incerteza.
Minha cura seria a mesma que a tua, beber da água de tua ira e aproveitar da sua falta de conhecimento sobre mim.
Eu queria só ter a chance de te fazer flutuar enquanto pensa que domina, só queria sugar a sua alma instantaneamente enquanto na fúria pensa que raciocina. Só queria provar da água que me satisfaria mais se fosse ácida e se rasgasse o que por dentro tenho. Eu só queria ter a chance de apostar, para ver se acreditas que minhas palavras te levam aonde eu quero que você vá e quando eu quero também.
Só quero que saiba que minhas palavras têm poder de transformar o branco em vermelho e o céu gentil em trevas.
Eu poderia te destruir e da sua ruína construir minha imagem, que se degradaria aos poucos lembrando que eu não queria destruir pessoas que não tinham vontade de me destruir pelo que sou. Eu poderia tentar te destruir com menos de cem palavras sussurradas, mas que graça teria?
Eu posso fazer você nascer em outras dimensões e explorar a sua mente enquanto ela clama e sussurra por misericórdia, mas não por um fim...
Quem é "você"? Acho que essa é a pior pergunta de todas... Pois não se fui clara o suficiente para mostrar que a única pessoa à qual eu endereço meus textos não é ninguém exceto eu.
Eu poderia me destruir se desistisse, ou não. Mas, no fundo eu quero ver minha ruína para dela agir irracionalmente e... Curar-me!
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